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BRASÍLIA - O Ministério Público Federal informou segunda-feira que denunciou à Justiça cinco pessoas envolvidas no furto, vazamento e tentativa de venda da prova do Exame Nacional do Ensino Médio. A prova, que deveria ter sido aplicada em outubro, foi adiada e realizada somente neste fim de semana por causa do episódio.
De acordo com a denúncia apresentada à Justiça, o grupo é acusado de peculato (furto praticado por servidor público), corrupção passiva (exigir vantagem indevida) e violação de sigilo funcional. Para a Procuradoria, os responsáveis pelos crimes são Felipe Pradella, Marcelo Sena Freitas e Filipe Ribeiro Barbosa, funcionários contratados pela Cetro – uma das três empresas do consórcio responsável pelo exame adiado, além de Gregory Camillo Oliveira Craid e o empresário Luciano Rodrigues, que atuaram como intermediários na tentativa de obter ganhos com a prova.
Após a fraude, o Ministério da Educação foi forçado a romper o contrato com o consórcio. A empresa, na ocasião, negou falhas na segurança. Agora, caberá à Justiça avaliar a acusação e decidir se abre ou não processo contra os cinco acusados. O vazamento do conteúdo levou ao adiamento da prova e a um prejuízo de aproximadamente R$ 45 milhões aos cofres públicos. O Ministério Público afirma que, além do prejuízo material, o adiamento “causou danos incalculáveis” aos mais de 4,1 milhões de estudantes inscritos, uma vez que várias universidades decidiram não usar o desempenho no exame como parte do processo seletivo.
Segunda-feira, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou o gabarito oficial do Enem realizado no fim de semana. O resultado chegou a ser liberado ainda no domingo, mas estava errado. As respostas foram divulgadas no começo da tarde.
No domingo, por cerca de seis horas, o site do Inep (órgão do MEC responsável pelo exame que avalia o ensino médio) divulgou gabarito em que, dependendo da versão da prova – eram quatro para cada dia –, havia uma resposta indicada como correta.
A divulgação errada do gabarito e o adiamento da prova não foram os únicos problemas registrados da prova. A abstenção neste ano foi a maior da história. Segundo dados preliminares, 39,5% dos candidatos não compareceram. Em números absolutos, significa que, dos 4,1 milhões de inscritos, cerca de 1,5 milhão faltou à prova. No ano passado, foram 27,3%.
O grande número de ausências ocorreu, diz o Inep, porque várias universidades desistiram de usar o Enem por conta do adiamento. Como o novo prazo para divulgação dos resultados era incompatível com o ano letivo de alguma das instituições, a desistência das universidades desestimulou estudantes que pretendiam utilizar a nota para ingressar em algumas das universidades das que desistiram. (Com agências)